Ôba!!!! Vamos andar de carro!!!! Se você possui um pet, muito provavelmente, alguma vez na vida dele, você teve que transportá-lo em um automóvel. Seja para irem dar um passeio ao parque, para uma consulta ao veterinário ou mesmo para uma aventura turística.
Esse é um tema bastante complexo porque envolve saúde, segurança e comportamento animal. Mas não precisa se assustar, pois com consciência e responsabilidade, você e o seu peludo poderão ter momentos muito divertidos sob 4 rodas. E, para ajudá-los a esclarecer todas as possíveis dúvidas, aqui vai um post especial sobre o tema, feito através de muitas pesquisas e experiências.
RELAÇÃO PET X AUTOMÓVEL
O primeiro ponto a avaliar é: "Qual a relação do seu pet com o automóvel?". Pois é, antes de enfiar o seu bichinho dentro de um carro, observe se ele se sente confortável ou não, pois, a conseqüência deste ato impensado pode causar um trauma difícil de ser superado.
A grande maioria dos cães adora estar dentro de um carro. Eu, pessoalmente, ou melhor, caninamente, A-M-O andar de carro.....seja para ir à pracinha da esquina ou pegar a estrada desde Sampa até Porto Alegre, por exemplo.
Para nós, pets, os carros são como tocas. Explico o nosso raciocínio: cães são animais sociais, que se sentem bem em grupo e que gostam de se abrigar em tocas. O carro, portanto, é para nós uma espécie de toca do grupo ao qual pertencemos (nossos donos, nossa família humana) e estar dentro dela é uma garantia de fazer parte desse grupo. Entendeu?
Bom, além disso, essa “toca ambulante” nos leva, na maioria das vezes, para lugares super legais como parques, destinos turísticos e passeios em geral que nos garantirão momentos divertidos. O resultado é uma combinação fantástica: estar perto de quem amamos, nos sentirmos protegidos dentro da toca e sermos transportados para muita diversão. Quer coisa melhor??
Mas, você sabia que nem todos os pets têm a mesma opinião? Alguns peludos têm verdadeiro pavor de automóveis!! Para estes, a toca lhes parece assustadora. Isso acontece quando o automóvel é associado a coisas ruins, como o medo e o enjôo.
Alguns peludos enxergam o carro como uma espécie de “toca que anda” ao lado de outros carros e caminhões – uma coisa realmente assustadora na visão dos cães.
Outros costumam ficar bastante enjoados durante as aventuras de automóvel, especialmente em viagens de longa duração. Mas não se preocupe, porque pode não ter nada a ver com a sua habilidade de dirigir. Mas pode ser que tenha....ahahaahaha...brincadeirinha.
A verdade é que os cães não foram feitos para andar em carros, não mais do que os humanos foram. Cães foram feitos para migrar, caminhando vários quilômetros por dia. Portanto, a experiência motorizada pode ser física e emocionalmente desordenada, sobretudo para cães jovens. O balanço e o movimento do veículo podem afetar o interior do ouvido, provocando náuseas e tontura. Quando isso acontece, o cão pode começar a sentir enjôo somente por entrar no automóvel, antes mesmo de o motor ser ligado. Fique atento aos sinais! Em alguns cães, a salivação em excesso é o único sinal de náusea por andar de carro e, pode ser ainda, o precursor do vômito.
Agora, a coisa fica ainda pior se os passeios de carro costumam levar o seu pet para programas não tão agradáveis (aos nossos olhos) como as visitas ao veterinário. Sendo assim, só de pensar em entrar no carro, muitos cães já ficam aborrecidos ou se desesperam porque aprenderam que essa não é uma experiência que termina bem.
VAMOS PASSEAR!!!
Seja qual for o motivo da aversão do seu pet pelos automóveis, você pode tornar a experiência de entrar no veículo menos traumática para o seu bichinho. Com carinho, paciência e algumas dicas a seguir:
- A escolha de um horário mais tranqüilo, com pouco trânsito e menos calor, para os passeios, ajuda a tranqüilizar o seu peludo durante o percurso.
- Caso note que o seu pet sofre com enjôos sempre que passeiam de carro, converse com um veterinário de sua confiança para a indicação do melhor paliativo. Existem medicamentos contra enjôos ou, ainda, a homeopatia é bastante indicada para estes casos.
- Uma dica importante é alimentar o animal apenas 2 ou 3 horas antes do passeio. E se for uma viagem, ainda que curta, evite alimentá-lo durante o percurso. Se a viagem for longa, ofereça alimentos leves como frutas e legumes, em pouca quantidade e várias doses ao longo do tempo de viagem. Mantenha o pet sempre hidratado. Cubos de gelo, se disponíveis, são uma ótima alternativa. Faça paradas a cada 2 horas para que o animal possa exercitar-se e fazer as suas necessidades.
- E, se ainda com todos estes cuidados, o bichinho vomitar, não o force a comer. Não desanime, muitos cães superam a náusea e acostumam-se com a sensação do movimento do carro.
- Para fazer o seu pet curtir andar de automóvel, você deve associar o passeio a algo prazeroso para o animal. Estimule-o a entrar no veículo com o motor ainda desligado, atraindo-o com petiscos e distraindo-o com brincadeiras e carinho. Quando estiverem dentro do carro, continue brincando com o cão, para que ele se sinta mais calmo e seguro lá dentro. Só depois ligue o motor, e continue com as brincadeiras e dando guloseimas para que ele não associe o barulho do carro funcionando a nada assustador. O próximo passo é você acelerar o motor. Repita os carinhos e petiscos e se o cão se mostrar tranqüilo, então, vá para a etapa final – buzinar. Novamente, repita a dica até perceber que está tudo bem e o cachorro não demonstrar mais medo ou muita agitação.
- Procure fazer o treino algumas vezes somente com o carro estacionado (de preferência numa garagem), uma vez ao dia, para o cão se habituar bem ao interior carro. Apenas saia para a rua quando ele já estiver bem nas etapas anteriores.
- Comece fazendo passeios curtos, por ruas com pouco barulho e pouco movimento. Sempre oferecendo petiscos e elogios. Gradativamente, arrisque percursos mais longos e vá para locais com transito mais intenso. E se você notar que seu cachorro voltou a ficar assustado, reinicie o treinamento desde a etapa do motor desligado.
- O resultado será muito melhor se, ao menos nos primeiros passeios, o destino final for algo divertido e prazeroso como umas voltinhas no parque ou encontro com amiguinhos.
PRAZER SEM PERIGOS
Pronto!! O seu pet e os automóveis já são inseparáveis?? Que legal! Mas, para andar de carro com o seu mascote, é super importante ter consciência dos riscos envolvidos, situações de perigo e tomar alguns cuidados especiais para evitar acidentes. Afinal, está em jogo a vida do seu pet, a sua e de outras pessoas.
- Soltinho, soltinho.....a la vonté
Um cachorro solto dentro do veículo pode pular de um lado para outro e facilmente se enroscar, entrar no meio das suas pernas, esbarrar no acelerador ou breque, entrar em baixo dos pedais e até mesmo diante de um estímulo irresistível, resolver pular pela janela!
Não é preciso dizer que esse comportamento é extremamente perigoso. Principalmente se o carro estiver em movimento ou em lugar bastante movimentado. Por isso, nunca permita que o seu cão salte pela janela do carro, nem de brincadeira, mesmo que o automóvel esteja dentro de um parque ou em situação totalmente segura. Pular pela janela é um hábito demasiadamente perigoso, que deve ser totalmente inibido.
Sem falar que, um pet movendo-se dentro de um automóvel, pode atrapalhar a condução e tirar a concentração do motorista e, numa fração de segundos, causar um acidente.
- Agressividade
Muitos cães, até mesmo alguns bastante dóceis, em determinados momentos manifestam agressividade quando estão dentro do carro. Isso é conseqüência do instinto de proteção natural. É provável que exista poucas coisas que sejam mais importantes para um cão do que proteger a “toca móvel” dele e o grupo que encontra-se no interior da sua “toca”.
E, dentro da “toca”, junto com o seu grupo e protegido por janelas, ele tem uma enorme sensação de segurança.
Normalmente, a agressividade se manifesta quando alguma pessoa se aproxima do carro. Mas, infelizmente, o ataque não ocorre somente contra o ladrão que te ameaça. Pode ocorrer também contra crianças pedindo dinheiro no farol ou contra um amigo que se aproxime para te cumprimentar, por exemplo.
Em alguns casos, pode ocorrer se alguém tenta tirar o cão desse espaço tão precioso para ele. Nesses momentos, até mesmo você corre o risco de ser mordido. Fique atento aos sinais de agressividade, não incentive tais comportamentos e, havendo gravidade ou fugindo do seu controle, consulte um profissional especializado em comportamento animal.
- Efeito estufa
Um automóvel deixado sob o sol, ainda que por pouco tempo, pode transformar-se numa verdadeira estufa ou sauna. Por isso, são mais comuns do que você possa imaginar, os casos de cães que morrem por hipertermia (calor excessivo) depois de terem sido trancados num automóvel estacionado.
Algumas pessoas chegam a se preocupar com a possibilidade de faltar ar para o cão dentro do carro, mas basta uma frestinha minúscula na janela para impedir que o problema aconteça, pois a vedação dos automóveis não é tão boa a ponto de não permitir nenhuma troca de ar. Mas, debaixo de um sol poderoso, nenhuma frestinha salvará o seu animal. Pior se houver vários cães dentro do carro.
E, mesmo um dia chuvoso pode virar um dia ensolarado em pouco tempo e as sombras mudam de lugar à medida que muda a posição do sol.
Por isso, o melhor é jamais deixar o seu mascote desatendido dentro de um veículo....ainda que seja por alguns minutos.
- Guia e enforcador
Estes acessórios nunca devem ser usados sem supervisão, pois podem enroscar e até mesmo enforcar o seu animal. Esses tipos de acidente têm maior chance de acontecer no carro, principalmente com pets que se movimentam muito de um lado para o outro.
A recomendação é que, não havendo possibilidade de supervisioná-lo dentro do carro, retire a guia do seu animal. Mas mantenha a coleira, sempre com identificação do animal e contato do dono.
SEGURANÇA A BORDO
Pois bem, TODOS os passageiros de um automóvel devem estar contidos durante uma viagem ou mesmo um simples passeio. E essa regra básica não exclui os pets!!!
É comum ver pessoas transportando animais com as cabeças para fora dos veículos ou até mesmo no colo dos motoristas. Deve ser muito gostoso ver-nos com o vento espalhando nossos pêlos....Mas, essa atitude, além de perigosa (se não estivermos devidamente contidos), vai contra as leis de trânsito.
O transporte de animais no Brasil está regulamentado através da lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o novo Código de Trânsito Brasileiro. Dentre os artigos do novo Código, os seguintes regulamentam o assunto:
- O Art. 235 diz que conduzir pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo, salvo nos casos devidamente autorizados implica infração grave, penalidade com multa e retenção do veículo como medida administrativa. Enquadram-se também aqueles que conduzem seu cão pela guia dirigindo o automóvel com o intuito de exercitá-lo. Amarrar animais nas caçambas de pick-ups ou caminhonetes também está sujeito as penalidades descritas nesse artigo. O transporte em pick-ups deve ser feito com caixas transporte e com total segurança.
- O Art. 252 (II) diz que dirigir o veículo transportando pessoas, animais ou volume à sua esquerda ou entre os braços e pernas implica infração média e penalidade com multa. Enquadram-se aqueles que transportam animais soltos no interior do veículo.
Além do prejuízo com as multas, os pontos somados à sua licença de motorista e a possível apreensão do seu veículo, imagine quanto não lhe custaria as despesas de uma colisão com outro automóvel, de um acidente com danos físicos ou a morte de alguém ou até mesmo do seu animal?
Um pet incontido não somente é um perigo, como também pode ser perigoso. Num acidente, este pet pode perfeitamete ser tranformado em um projétil. Para se ter uma idéia, numa colisão a menos de 50km por hora, um cão com cerca de 28kg, pode ser lançado contra um pára-brisa, o encosto de um banco de passageiro ou até mesmo contra outro passageiro gerando um impacto com uma força maior do que 540kg!!!! E, ainda que, milagrosamente, não se machuque durante o acidente, um cão solto e assustado, pode atrapalhar os trabalhos de resgate, atacar os socorristas ou mesmo fugir quando abrirem o carro.
A seguir, algumas dicas de acessórios e instrumentos recomendados para o transporte animal. Escolha o que melhor se adequar ao seu pet, ao seu bolso e à rotina de passeios e viagens de vocês:
Caixa de transporte
O ideal é transportar o seu animal numa caixa de transporte, mas nem todo cão gosta da idéia de viajar confinado. E nem todo dono gosta de ver o seu bichinho trancado numa caixa. Esse, por exemplo, é o nosso caso, meu e da minha dona.
Eu gosto mesmo é de ir observando tudo e todos, registrando os acontecimentos nas ruas, admirando a paisagem...Mas, cá para nós, justiça seja feita, as caixas de transportes são seguras e podem ser bastante confortáveis. Vários “aumiguinhos” meus já me contaram isso e há até peludo que faz da caixa de transporte a sua casinha, desfrutando de belas noites de sono dentro dela.
O importante é escolher uma caixa resistente e ventilada, com espaço suficiente para que o pet possa dar um giro de 360 graus. Mas cuidado para não exagerar no tamanho, pois ele pode se machucar caso haja algum movimento brusco durante o transporte. Também atente para fato de que as caixas maiores podem não caber em automóveis normais. Quanto ao aspecto da segurança, escolha uma caixa que possua alça para facilitar o transporte, trava de fechamento das portas e que não tenha peças soltas ou que se soltem facilmente.
E por último, mas não menos importante: vale lembrar que as caixas de transportes para viagens aéreas devem cumprir os padrões de segurança descritos no manual IATA-LAR (International Air Transport Association – Live Animal Regulations), além de normas internas de cada companhia aérea. Consulte a nossa equipe para maiores informações
Alguns animais, inicialmente, podem se sentir mal ou ter medo da caixa de transporte. Por isso, é necessário um tempo de adaptação para que ele se familiarize com o novo espaço. O primeiro passo é fazê-lo entrar na caixa, sem forçá-lo a isso. Se ele demonstrar muito medo, recompense-o apenas por se aproximar dela. Diga "caixa!" e recompense seu pet. Faça-o chegar perto da caixa até colocar a cabeça dentro dela. Dê outra recompensa. Colocar petiscos dentro também ajuda. Quando ele entrar, feche a porta por cerca de um minuto. A cada dia repita a operação e, pouco a pouco, vá aumentando o tempo de permanência. Para deixar a caixa mais confortável, forre o interior com panos, jornais ou algum outro material absorvente.
É importante dizer que a caixa de transporte é a opção mais adequada para se transportar os felinos.
Grades de contenção
São divisórias de metal, geralmente, fáceis de montar e desmontar, dobráveis, que, ao serem instaladas, limitam a circulação do animal dentro do automóvel.
Existem modelos para o centro (entre os bancos dianteiros), os laterais, que impedem o cão que gosta de saltar pela janela, e ainda aqueles que restringem os cães à traseira de uma caminhonete ou de uma perua.
Esse equipamento é prático, dá conforto ao cachorro e oferece uma interatividade a mais entre o dono e o animal. Porém, o motorista tem que estar ciente de que, se houver a necessidade de uma freada brusca, existe risco para a vida do animal, pois, na prática, o animal estará sendo transportado solto.
E aqui voltamos ao artigo 252 do Código de Trânsito Brasileiro....
Cinto de segurança
É o meu preferido!!! E da minha dona também. Como o cinto para os humanos, também protege o cachorro durante eventuais colisões ou freadas bruscas. Reduz o risco do seu mascote sair ferido em um acidente porque o mantém preso ao banco traseiro do carro, não havendo hipótese de que ele seja projetado numa provável colisão. O uso do cinto possui ainda a vantagem de evitar que o animal distraia o motorista já que limita a circulação do peludo no interior do veículo. Seu peludo vai poder ficar sentado ou deitado no banco, com todo o conforto, mas não poderá passar para o banco da frente, nem pular pela janela.
Assim você poderá dirigir muito mais tranquilo sabendo que seu cão está seguro, protegido e dentro da lei. E ele se sentirá mais seguro enquanto viaja, especialmente quando forem necessárias curvas e manobras rápidas.
Existem diversos modelos de cinto de segurança, mas o mais adequado é o conjunto “peitoral + guia com lingueta adaptadora”. Você pode utilizar qualquer tipo de peitoral - se for acolchoado, melhor, pois diminui o atrito e é mais confortável. Acoplado ao peitoral, você coloca a guia que possui um mosquetão numa ponta, para prender no peitoral e uma lingüeta na outra ponta, que se encaixa perfeitamente no sistema do cinto de segurança do automóvel.
Portanto, faça com que o seu mascote se sinta feliz dentro de um automóvel, escolha o acessório que melhor se adéqüe ao seu uso e ao perfil seu animal e bom passeio!! Mas lembre-se: consciência, responsabilidade, segurança e conforto.
Fontes: Bicho Amigo (Alexandre Rossi), Manual do Pet Viajante (Portal Turismo 4 Patas), “Cão que ladra não morde”: 101 Questões Curiosas sobra o Comportamento Canino ( Marty Becker e Gina Spadafori, Editora Globo) .